Para garantir segurança na Copa governo monta esquema de guerra.
06 de Maio, 2014 - 09:55 ( Brasília )
Comitês de segurança estão sendo criados em cidades-sede e até Dilma ficará de sobreaviso para atuar em casos extremos.
Com o objetivo de conter atos
terroristas e até a violência nas manifestações programadas para o
período da Copa do Mundo, o governo montou um esquema de segurança,
envolvendo as pastas da Defesa, da Justiça e da Casa Civil, que
funcionará durante o mundial que ocorre em junho.
O esquema para a Copa inclui até a
participação da presidenta Dilma Rousseff, a quem cabe,
constitucionalmente, a tarefa de dar a palavra final de atuação das
Forças Armadas em casos extremos, como os de ataques terroristas, por
exemplo. Por isso, a participação da Casa Civil foi incluída no
planejamento das ações de segurança para a Copa, já que é a pasta mais
próxima da presidenta da República.
Para as partidas da primeira fase da
competição, nas 12 cidades-sede, o tempo de restrição começa uma hora
antes do início do jogo e vai até três horas depois do início da
partida. Nas demais fases, o espaço aéreo será fechado uma hora antes e
até quatro horas depois. Nas áreas restritas, voarão caças,
helicópteros, aviões-radar e que reabastecem as aeronaves no ar.
Considerando as três forças, 57 mil
militares foram mobilizados para atuar pela defesa nas cidades-sede. De
acordo com o Ministério da Defesa, 21 mil militares ficarão de prontidão
na chamada força de contingência e, em caso de “pico de crise na
segurança”, só serão acionados com a autorização da presidenta.
Na abertura e no encerramento da Copa do
Mundo, o espaço aéreo das cidades-sede será fechado três horas antes do
início da festa e quatro horas após. Isso ocorrerá em São Paulo e no Rio
de Janeiro.
De acordo com o Ministério da Defesa, a
força de contingência só será utilizada em situações nas quais haja o
esgotamento da capacidade de atuação dos órgãos de segurança pública.
Para que ela seja acionada, também terá que haver uma solicitação dos
governadores que terão que comprovar a incapacidade de lidar com
determinada situação limite.
“Esperamos que a Copa do Mundo transcorra
sem qualquer incidente, mas tomamos precauções e nos preparamos para
fazer a nossa parte”, disse o ministro da Defesa Celso Amorim.
Custos
A segurança da parte interna dos estádios
será totalmente particular, exigência apresentada pela Fifa. As
polícias e militares somente atuarão do lado de fora com o objetivo de
garantir que os acessos. Mesmo assim, ao todo, a segurança da Copa
custou ao governo brasileiro R$ 1,9 bilhão. Deste volume de recursos, R$
709 milhões foram só para a Defesa.
O restante foi destinado a ações das
forças de segurança coordenadas pelo Ministério da Justiça, como a
Polícia Federal (PF) a Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da Força
Nacional. De acordo com informações do Ministério da Defesa, os repasses
estão sendo feitos desde 2012 e a maior parte dos recursos foi
destinada a aquisição de equipamentos e treinamentos.
Ataques cibernéticos
Um ponto de atenção do governo é a possibilidade de ataques cibernéticos durante o mundial.
Essa preocupação cresceu após as revelações de espionagem
norte-americanas que atingiram dados até da presidenta Dilma Rousseff,
no ano passado. Diante disso, boa parte dos equipamentos
adquiridos pelo governo para a Copa são computadores, softwares para o
chamados centros de defesa cibernética, que ficará sob controle do
Exército.
O trabalho, de acordo com o governo, será
de identificar possíveis ameaças que coloquem em risco as estruturas
controladas por sistemas digitais, os sistemas de tecnologia da
informação e ainda as comunicações institucionais do Estado.
De acordo com o planejamento do governo, o
trabalho de inteligência para prevenir possíveis ataques envolverá a
Abin e a Polícia Federal que atuarão em parceria com Interpol.
Ataques químicos
Além dos computadores, que também
servirão para a montagem dos centros de operações nos estados, o governo
também adquiriu kits para defesa química, biológica, radiológica e
nuclear para serem utilizados pelos militares que irão vistoriar e fazer
a varredura de todos os locais diretamente envolvidos na Copa.
As varreduras estão programadas para
serem feitas nos estádios, hotéis e centros de treinamento das seleções,
aeroportos, bases aéreas e comboios das delegações oficiais.
Fronteira
Às vésperas da Copa do Mundo, o
Ministério da Defesa mandará cerca de 30 mil militares das três Forças
Armadas para toda fronteira terrestre brasileira. Será a oitava edição
da chamada operação Ágata.
A data de início da operação, prevista
para durar três semanas, está sendo mantida em sigilo por questão de
segurança, alegada pelos militares. O objetivo é “blindar” 16,8 mil
quilômetros de fronteira com dez países da América do Sul. A
operação, de acordo com o Ministério da Defesa, inclui ações de
bloqueios de rodovias em pontos estratégicos e terá foco na repressão ao
tráfico de drogas, contrabando, tráfico de armas e munições, crimes
ambientais, além de imigração ilegal.
Centros integrados
De acordo com o Ministério da Defesa, em
cada uma das 12 cidades-sede será montado um comitê de defesa integrado,
coordenado por um representante das Forças Armadas. Este comitê também
será integrado pelo superintendente da Polícia Federal no estado e pelo
secretário de Segurança Pública do estado.
No caso do Rio de Janeiro, que realizará
em 2016 as Olimpíadas, o comitê também será integrado pelo secretário
municipal de Segurança Pública, atendendo a um pedido feito pela
prefeitura. Caberá a esse comando a coordenação dos trabalhos de
segurança. Além das 12 cidades que sediarão os jogos, as forças armadas
também atuarão em mais três capitais: Vitória (ES), Aracaju (SE ) e
Maceió (AL), que também receberão delegações de atletas.
Já em Brasília, a instância estratégica
para a orientação será um comitê executivo constituído pela Casa Civil
da Presidência da República e pelos Ministérios da Justiça e da Defesa,
com o assessoramento permanente do Gabinete de Segurança Institucional
da Presidência da República (GSI PR).
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